quarta-feira, 21 de abril de 2010

Parabéns Brasília!!!

BRASÍLIA COMEMORA HOJE 50 ANOS


Brasília é inaugurada


“Viramos no dia de hoje uma página da história do Brasil... Damos por cumprido o nosso dever mais ousado, o mais dramático dever. Neste dia... consagrado ao alferes José Joaquim da Silva Xavier, o Tiradentes, no 138º ano da Independência e 71º da República, declaro, sob a proteção de Deus, inaugurada a Cidade de Brasília, Capital dos Estados Unidos do Brasil”, Juscelino Kubitschek



Finalmente, em 21 de abril de 1960, Brasília foi inaugurada em um clima de emoção e euforia, e o presidente Juscelino Kubitschek foi às lágrimas durante a missa solene. Pelas ruas os candangos expressavam sua alegria. As comemorações só encerraram oficialmente na noite de 23 de abril, com a representação de uma alegoria escrita por Josué Montello, que foi encenada com a participação de militares, jovens da sociedade carioca, tratores e um helicóptero descendo do céu, além de inúmeros figurantes portando ferramentas de trabalho, personificando os candangos. A tônica da peça, que narrava a fundação das três capitais brasileiras, foi o contraste entre o abandono do velho e a adesão decidida ao novo, resgatando figuras históricas e apontando para um futuro brilhante, contra um cenário colorido por fogos de artifício aplausos da população.


Apesar de inaugurada, Brasília não estava pronta, e grande número de edifícios importantes ainda era um esqueleto vazio. As obras continuaram pelo menos até a década de 1970. Mas a cidade nunca parou de crescer e desde seu início já ficara evidente que se deviam tomar medidas para a preservação do plano original, sancionado-se em 1960 a Lei Santiago Dantas, a primeira lei orgânica do Distrito Federal, que obrigava qualquer modificação na cidade ser autorizada previamente pelo Senado, fixando um modelo urbano que se revelou excludente.


As mesmas dificuldades que passavam os candangos no ambiente de trabalho se refletiram no momento da distribuição de lotes e apartamentos. A região do DF fora comprada pela República ao preço de dois centavos por metro quadrado, mas se venderam as terras por 500 cruzeiros o metro quadrado. Em 1960 todos os lotes da Asa Norte já estavam vendidos ou reservados, e os interessados só podiam adquiri-los de terceiros, com um ágio de 200 a 300 mil cruzeiros. Se o interessado fosse um deputado, senador ou jornalista, a Novacap fornecia lotes livres a um preço razoável e sem ágio. Para a área das mansões próximas ao lago Paranoá, a zona nobre da cidade, o custo estava em 30 cruzeiros ao metro, mas apenas para clientes selecionados da elite, em especial favor da Presidência da República, enquanto que na zona residencial comum o preço subia para 500 cruzeiros.


Outras discriminações diziam respeito ao grau de ligação com o governo federal que mantinham funcionários de categoria idêntica. Essa realidade contradizia os ideais esquerdistas de Niemeyer e Costa, para quem, na interpretação de Holston, Brasília deveria ser um exemplo de integração e nivelamento social, uma cidade que iria transformar a sociedade brasileira através de um movimento social pacífico. Segundo o plano original, todos os futuros habitantes de Brasília viveriam em moradias do mesmo tipo em zonas comunitárias. Gradações na hierarquia social, inegáveis, seriam expressas em variações discretas nas dimensões dos domicílios e na qualidade dos materiais e acabamentos.


Ideologia de fraternidadeToda essa ideologia de fraternidade não se concretizou, a elite se apossou dos melhores locais e expulsou a classe baixa para as periferias, e a integração, não passou de uma utopia, até porque cerca de 90% dos pioneiros pertenciam ao estrato social mais baixo. Na prática, “brasilienses” eram apenas os que viviam no Plano Piloto. Enquanto Juscelino chamava os candangos de heróis, em pouco tempo sua condição passou à pura e simples marginalidade. A segregação era ainda mais enfatizada pela existência de um cinturão verde em torno do Plano Piloto, isolando a área das periferias. A situação era piorada pela quase impossibilidade de as cidades-satélites se desenvolverem independentemente da aprovação federal, cujo crescimento era estorvado por pesada burocracia, por legislação que pretendia preservar as características do Plano Piloto e arredores, pela inconsistência nas demarcações dos lotes, rápida saturação de áreas autorizadas pela Novacap, especulação imobiliária, fraudes no sistema e várias outras restrições ligadas à efetivação da posse da terra.


Em muitos casos a pressão habitacional sobre operários os levou a se apossarem de lotes ilegalmente, e sua situação permaneceu irregular por longo tempo, como foi o caso da formação da Vila Matias e da Vila Sara Kubitschek. Nos primeiros dez anos depois da fundação, chegaram a Brasília quase cem mil novos migrantes. Para solucionar parte do impasse gerado por tais condições, em 1971 o governo impôs uma transferência em massa, removendo mais de oitenta mil pessoas de zoneamentos irregulares para uma nova cidade-satélite, Ceilândia.


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