domingo, 2 de maio de 2010

A realidade do cão guia no Ceará


A estudante SíLVIA Regina e a Labradora Mila.

Deficientes visuais enfrentam dificuldades para trocar a bengala por um cão-guia



Faltam cães-guia para mais de 5 milhões de cegos no País

Fortaleza. O sonho de muitos portadores de deficiência visual é substituir a bengala pela companhia de um cão-guia. Estima-se que no País existam mais de 5 milhões de pessoas com perda grande de visão, porém, apenas cerca de 70 animais treinados para auxiliar cegos. A coordenadora pedagógica do Instituto Hélio Goes, da Sociedade de Assistência aos Cegos (SAC), Cássia Aquino, acredita que o número de deficientes visuais pode ser ainda maior, diante da falta de um censo oficial para contemplar também muitos moradores da zona rural que ficam à margem de serviços de atendimento médico e educacional. Assim, se considerar os números reais da população com este tipo de deficiência, a possibilidade de trocar a bengala por um cão treinado se torna ainda mais distante.


No Ceará, ainda não há nenhum cão-guia. Se dependesse da vontade de muitos cegos, a realidade seria bem diferente. A portadora de deficiência visual, Sílvia Regina, 34 anos, aluna do 6º ano do Ensino Fundamental da SAC, acredita que sua vida poderia ser bem melhor se pudesse contar com a companhia de um cão para as atividades fora de casa. Casada há 8 meses, diz que é totalmente dependente do marido, Luís Antônio, e da mãe, Maria do Socorro, quando precisa enfrentar as ruas. Ela perdeu a visão aos 6 anos de idade, em decorrência de um glaucoma congênito, mas nunca conseguiu se adequar à bengala. "Tenho muita vontade de ter um cão-guia. Será mais fácil. Acredito que vou me tornar mais independente, terei acesso mais livre". Há três meses ela ganhou um cão da raça Labrador de uma amiga. A "Mila", como se chama o animal, já está com um ano. Há três semanas, a estudante manteve contato por e-mail com o Projeto Cão-Guia, em Brasília, na tentativa de tornar a sua amiguinha de quatro patas um cão-guia. Porém, o treinamento de um cachorro para o tipo de trabalho é bem mais complexo. Não é um simples adestramento para comandos.

O custo para formar o animal fica em torno de R$ 25 mil. Porém, o projeto faz questão de doar para os cegos o cão, considerando que a grande maioria dos portadores da deficiência no País é de baixa renda. Mais de 300 pessoas estão na fila de espera da ONG. Mas, há um ano, a entidade não está aceitando efetivar novas inscrições, só recebendo as solicitações por e-mail para futuros contatos. Diante dos altos custos para manutenção do trabalho, o projeto passa por dificuldades financeiras. Ainda assim, está formando cerca de seis cães-guia por ano, mesmo tendo estrutura física e de pessoal para doar até 20 animais por ano. Meta só possível de realizar se houvesse mais incentivo financeiro.

Segundo Michele Pöttker, as parcerias com empresas privadas e instituições públicas são a garantia da continuidade do trabalho até agora. Os parceiros são o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, que cede militares para o trabalho de instrutores e treinadores; a Premier Pet, na doação de rações para os animais; a Bayer, que fornece a medicação veterinária; a Clínica Diagnopet, na realização de exames por imagem; e o Hospital Veterinário da Universidade de Brasília (UnB), para assistência clínica e cirúrgica.

O Projeto Cão-Guia é a única escola do País que prepara o animal desde o nascimento até a entrega aos cegos. O plantel é formado por 91 animais da raça Labrador, todos com pedigree (certificado de raça pura), sendo seis matrizes e três padreadores, entre os reprodutores, 31 filhotes em trabalho de socialização, dez em treinamento específico, 35 já convivendo com os cegos e o restante em avaliações gerais. Os cães já doados continuam de propriedade da ONG, que mantém um rigoroso trabalho de acompanhamento, no que se refere à nutrição, atendimento veterinário e avaliação comportamental.

As vantagens de um cão-guia para o cego são inúmeras. A professora de Orientação e Mobilidade da SAC, Juliana Duran, afirma que a companhia do animal dá mais independência e segurança para os portadores de deficiência visual, não só diante de obstáculos superiores, como orelhões, árvores e placas nas calçadas, como no chão, em casos de buracos e poças d´água.


Confira toda matéria: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=776804

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