terça-feira, 11 de maio de 2010

Pelo direito de ler à sua maneira

A DIFÍCIL MISSÃO DO LEITOR CEGO JOTA MARTINS DE RECEBER
LIVROS DIGITALIZADOS DE EDITORAS
O monitor fica desligado, os dedos deslizam pelas teclas apagadas e uma voz acelerada e confusa sai das caixas de som. É assim que José Avelino Martins, mais conhecido como Jota Martins, lê e navega pela internet. O radialista nasceu com glaucoma e, aos 16 anos, após cinco cirurgias, ficou totalmente cego. O prazer da leitura agora só é possível graças a dois programas de computador que convertem a escrita para o som – o Jaws e o Dosvox. Martins compreende cada palavra da voz robótica e ligeira que as caixas emitem. Ele prefere ouvir pelo computador a ter que carregar os pesados livros em braile – duas páginas e meia para cada uma de um impresso comum. Um título médio, de 250 páginas, que Martins lê em cinco horas, levaria alguns dias no método de relevo.

A dificuldade é conseguir as versões digitalizadas. O locutor já tentou convencer várias editoras e usou todos os argumentos, inclusive a legislação. De acordo com a Política Nacional do Livro, que está descrita no 1º capítulo da lei nº 10.753, de 30 de outubro de 2003, o acesso à leitura deve ser assegurado aos cegos. No segundo capítulo, diz que livros podem ser “em meio digital, magnético e ótico, para uso exclusivo de pessoas com deficiência visual”.

“Por direito, eu deveria até receber livros de graça, mas só quero poder adquirir como qualquer outra pessoa”, disse Martins, que defende a ideia de que as editoras disponibilizem as obras online para os deficientes, tendo uma conta e pagando mensalidade. Para o radialista, as empresas estão perdendo a chance de propagar suas marcas com um projeto de acessibilidade pela internet.

O Jaws é um software norte-americano que custa R$ 2.500. Nos EUA, os deficientes visuais têm direito de pagar apenas 20% do valor total, algo em torno de US$ 800. Martins usa a versão demo que, segundo ele, já é muito boa. Para acessar a web e editar textos, o Dosvox é mais indicado. O programa é desenvolvido desde 1994 pelo Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro e está disponível para ser baixado de graça.

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