quinta-feira, 21 de abril de 2011

Paixão de Cristo - Jornal O Povo

As cenas da lavagem das mãos, do calvário, da crucificação, do sepulcro e da ressurreição, encenadas em filmes, teatros, bairros e cidades mundo afora, ganharam ontem mais uma versão. Na pele de Pilatos, Maria, Simão, Jesus e outros personagens, alunos cegos e com pouca visão encenaram a Paixão de Cristo nas ruas do entorno da Sociedade de Assistência aos Cegos (SAC), no bairro São Gerardo.

De diferente mesmo de outras encenações, só mesmo o choro de Verônica ao enxugar o rosto de Jesus. Ao contrário do que se vê em apresentações profissionais, as lágrimas de Tereza Bessa, 50, eram verdadeiras.

A cada novo ensaio, apresentação ou conversa, Tereza, que tem apenas metade da visão, revive o que padeceu Cristo. “Ninguém mais no mundo sofreu como ele. E eu não posso dar jeito”, lamenta. Natural de Alto Santo, na Região Jaguaribana, Tereza faz reabilitação na SAC desde os dez anos. “Eu vejo tudo. Cego é aquele que enxerga e não vê. Tem muita gente que tem dois olhos e não tem o que oferecer aos outros”, define.

No espetáculo apresentado há dez anos pela instituição, Jean Lima, 21, estudante com baixa visão, também ganhou papel de destaque. “Já participei outras vezes. Antes era do povo, dessa vez fiz o bom ladrão”, conta sobre o orgulho de fazer o personagem que, diante de Jesus, se arrepende do que fez.

A diretora-pedagógica da Sociedade de Assistência aos Cegos, Vanesca Fernandes, explica que a instituição trabalha a inclusão com educação regular e reabilitação. “Eles vêm se preparando há muito tempo para esse espetáculo. Eles se entregam, gostam do que fazem e testam os limites”, completa.

Vanesca lembra que alunos com boa visão também participam da peça, afinal, a proposta é não excluir ninguém. (Thiago Mendes)



Fonte: Jornal O Povo

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