quarta-feira, 4 de março de 2015

          MULHER CEGA
               Paulo Roberto Cândido



               Não vê as cenas da maldade,
               não enxerga o rosto da falsidade,
               não percebe quando sorri a felicidade.
               Nunca verá a cor da mentira,
               nem o rosto vermelho da ira,
               muito menos pra onde aponta a mira.
               A mulher cega quer ser vista
               por aquele político da entrevista
               ou pela notícia que não saiu na revista.
               Ela não vê cara, vê coração
               e enxerga com a emoção,
               os cenários da verdadeira inclusão.
               A mulher cega quer respeito,
               quer punição pro malfeito
               e acessibilidade pedir ao prefeito.
               Namora como qualquer mulher,
               sabe utilizar bem o talher
               e guiar o vidente que vier.
               A cegueira dela é uma luz,
               para a discriminação que produz
               uma sociedade que está cheia de pus.
               A mulher cega não quer esmolas
               quer homem visionário que lhe dê molas
               e livros acessíveis pra colocar nas sacolas.
               ela, com ou sem bengala,
               sonhos de  caminhar  embala,
               pela estrada por onde rala...

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